Falar de fotografia e imagem é, certamente, discutir um tema que é atual há quase 200 anos. A fotografia é uma das linguagens mais expressivas da contemporaneidade. Sua importância nas artes e na comunicação é inegável. Possibilitou que o mundo assistisse a guerra da Crimeia (1853-1856) pelas lentes de Roger Fenton. A guerra da Secessão (1861-1865). A menina nua da guerra do Vietnã de Nick Ut, em junho de 72. Nos apresentou à mãe migrante de Dorothea Lange, em 1936. Nos emocionou com V-J Day in Times Square. Documentou o maior ataque terrorista da história, o 11 de setembro, em 2001. E tantos outros acontecimentos históricos. É exatamente isso: a fotografia é um recurso do passado, do presente e, provavelmente, do futuro.

A imagem dificilmente será superada por qualquer outra linguagem no que diz respeito a atenção. Para o psicólogo italiano Giuseppe Mininni no livro Psicologia Cultural da Mídia ao afirmar que “a imagem consegue prender a atenção de forma mais imediata e sedutora do que outros sistemas de signos, pois fornece uma síntese de informações que parece autorizar a rapidez da primeira interpretação emocional”. Não é por acaso que o sentido mais utilizado nos últimos 200 anos é a visão e é por meio dela que se absorve mais de 70% das coisas. Um fenômeno que coincide com a época da invenção da fotografia.
É pouco provável que exista outro aparato que hipnotize tanto o ser humano quanto a imagem. Isso pode ser confirmado em números. Num único dia o Facebook distribui 400 milhões de fotos. O Instagram carrega diariamente 70 milhões. Mais 760 milhões de fotografias são compartilhadas no Snapchat e 700 milhões no Whatsapp. Num único dia pelo menos 1,9 bilhão de fotos circulam apenas em quatro redes sociais. Equivale a 22.000 imagens por segundo, ou 693 bilhões por ano.
Estamos diante de um tsunami de imagens. Nunca se produziu e se difundiu tanta fotografia ao mesmo tempo que nunca se questionou e se discutiu tão pouco sua veracidade e seu contexto. Imagens que aparecem e somem num piscar de olhos, antes mesmo que pudessem ser absorvidas. Está faltando interpretação de texto, mas também está faltando interpretação de imagem.