Fotojornalismo e revista. Um nasceu para o outro. E neste caso, o fotojornalismo encontrou espaço para prosperar como uma linguagem tão importante quanto a do texto graças às revistas.

Embora o fotojornalismo tenha pipocado antes com coberturas de guerra antes do surgimento das revistas, os editores “desvalorizaram a seriedade da informação fotográfica e também consideravam que as fotografias não se enquadravam nas convenções e na cultura jornalística dominante”, segundo Hicks citado no livro
citado por Jorge Pedro Sousa, no livro: Uma história crítica do fotojornalismo ocidental .

Foi somente em 1904 que nasce o primeiro tabloide dedicado à fotografia, o Daily Mirror, um jornal diário britânico ativo até hoje e popularmente conhecido como The Mirror.Ele é que representa a transição do papel da fotografia não mais somente como ilustração, mas como informação complementar. 

É, especificamente, na Alemanha que o fotojornalismo prospera, num período pós primeira-guerra.Nascia ali o “fotojornalismo moderno”. O país vivia um momento de enaltecimento das artes, letras e ciências. Este contexto refletiu diretamente na imprensa e o país passou a contar com um grande número de revistas ilustradas que alcançavam uma audiência estimada em 20 milhões de leitores. A ideia de revista ilustrada brotada pelos alemães influenciou, posteriormente, o nascimento deste tipo de publicação pelo mundo inteiro como a revista francesa Vu (1928-1940), vista como uma adaptação francesa bem-sucedida do jornalismo fotográfico alemão, mais especificamente daquele praticado na Berliner Illustrierte Zeitung .

Fez parte da Vu um dos fotógrafos mais prestigiados mundialmente até hoje – o húngaro Robert Capa (1913 – 1954), nome importante da cobertura fotográfica de conflitos. Capa, pseudônimo de Endre Ernõ Friedman, era dono da emblemática frase: “Se uma foto não está suficientemente boa, é porque você não se aproximou o suficiente”. 

O francês Henri Cartier – Bresson (1908-1934) outro grande nome do fotojornalismo também fez sua estreia na publicação francesa. Posteriormente a Vu, nasceu a britânica Picture Post (1938-1957) e a norte-americana Life (1936 – 2000), que hoje existe apenas na versão eletrônica.

Estas revistas ajudaram a evidenciar a fotografia jornalística como uma narrativa imagética autêntica, independente do texto e em maior quantidade, não era mais trazida somente uma imagem isolada e ilustrativa. As reportagens fotográficas ganham espaço.F

A revista Life nasce no ambiente do New Deal, posteriormente à publicação francesa Vu – nesta época o nazismo tomava conta da Europa e muitos editores e fotojornalistas formados pela Vu acabaram indo para os Estados Unidos e colaborando para o surgimento da Life, que já em sua estreia se mostrou promissora. A revista Life “em seu primeiro número teve uma tiragem de 466 mil exemplares. Menos de um ano depois, já registrava 1 milhão de exemplares e, em 1972, chegava a mais de 8 milhões de cópias”

Com as revistas, a fotografia, finalmente, ganhava o papel de protagonista na informação com a Life como defendeu Henry Luce, fundador da publicação americana:

[a Life surge] Para ver a vida; para ver o mundo; ser testemunha ocular dos grandes acontecimentos, observar os rostos dos pobres e os gestos dos orgulhosos; ver estranhas coisas-máquinas, exércitos, multidões, sombras na selva e na lua; para ver! o trabalho do homem – as suas pinturas, torres (edifícios) e descobertas, para ver coisas a milhares de quilômetros, coisas escondidas através de muros no interior dos quartos, coisas de que é preciso aproximar-se; as mulheres que os homens amam e muitas crianças; para ver e ter prazer em ver; para ver e espantar-se; para ver e ser instruído. (Henry Luce, fundador da Life, citado por Jorge Pedro Sousa, no livro: Uma história crítica do fotojornalismo ocidental)

Trata-se de um grande passo no papel da fotografia dentro da imprensa, uma vez que, uma fotografia carrega uma capacidade informativa tão grande quanto a do texto, por sua capacidade de representar um fato, mas se faz necessária uma distinção da representação fotográfica de um fato e da representação do real. Uma fotografia não significa necessariamente um documento do real. 

Esse artigo está dentro da dissertação Revista Dabiq: Uma análise do uso de imagem pelo Estado Islâmico, de autoria de Letícia Quatel, deste site.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s